quinta-feira, 25 de agosto de 2011

ES: Governo Casagrande. Secretário de Saúde Marino defende atendimento descentralizado no interior e contesta críticas de particulares

Lívia Francez - www.seculodiario.com.br
Foto capa: Gustavo Louzada


A prestação de contas do atual secretário de Estado da Saúde, Tadeu Marino, nesta quinta-feira (25), foi muito diferente das anteriores, feitas na gestão do ex-secretário Anselmo Tozi. Desta vez, o foco do secretário foi a atenção primária à saúde, a descentralização do atendimento, visando a beneficiar populações interioranas. Ele defendeu com ênfase a modificação do Plano Diretor de Regionalização (PDR), que vai dividir o Estado em quatro macrorregiões com o objetivo de descentralizar a saúde, para que os moradores do interior do Estado não precisem recorrer aos hospitais da Grande Vitória em busca de atendimento de alta e média complexidades.

Tadeu Marino se pronunciou pela primeira vez sobre o caso dos médicos particulares que se opõem às diretrizes da nova gestão. Ele lembrou que foi procurado, na primeira semana de sua gestão na pasta, por uma cooperativa que ainda estava em formação (hoje a atual Coopedees), solicitando a entrada nos hospitais para atuação enquanto cooperativa.

Ele lembrou que os membros da Cooperativa de Pediatria do Estado (Coopedees) sempre foram recebidos quando procuraram a Secretaria, mas que quem decide sobre a atuação dos médicos nos hospitais não é o secretário. Disse ainda que se sente agredido quando a cooperativa diz que os números da mortalidade infantil estão sendo maquiados e que é uma irresponsabilidade tratar do assunto pela imprensa. Ele questionou o foco das denúncias dos pediatras, já que as taxas de mortalidade em hospitais particulares, ou de propriedade de planos de saúde, não foram sequer mencionadas. A seu ver, os números oferecidos pelos pediatras não foram consolidados, já que a consolidação dos dados dura, pelo menos, seis meses.

Marino também chamou atenção para o fato de que a mortalidade infantil nos hospitais estaduais caiu de 11,43% no primeiro trimestre de 2010 para 11,16% no mesmo período deste ano. Portanto, frisou, não é possível ainda falar de aumento na mortalidade destes hospitais. Ele acrescentou que nunca foi procurado pelo Conselho Regional de Medicina (CRM) ou pela Sociedade Capixaba de Pediatria, sendo questionado pela mortalidade infantil somente pela Coopedees, que chamou de cooperativa virtual.

Sobre a saída dos pediatras do quadro do Estado, ele disse que durante o surto de bronquiolite (doença viral aguda grave que acomete os pulmões e pode levar à morte), que ocorre todos os anos nos meses de inverno, 60 pediatras ligados à cooperativa se demitiram. O secretário questionou o ato de demissão, em momento crítico, e disse ter tido a sorte de contar, na ocasião, com 35 médicos aprovados em concurso e que estavam aptos a ingressar nos hospitais. Após a fala, o secretário se colocou à disposição para formar uma comissão em conjunto com o Ministério Público do Estado (MPES) e a Sociedade Capixaba de Pediatria para apresentar os números de maneira transparente.

Caravanas do interior
Atualmente, dezenas de veículos, incluindo ônibus, ambulâncias e vans, partem do interior do Estado para a região metropolitana com pessoas em busca de atendimento em especialidades que não são oferecidas em suas localidades de origem, contribuindo para a superlotação dos hospitais, que já estão sobrecarregados na Grande Vitória. Com a renovação do PDR, os serviços devem passar a ser oferecidos em municípios polo de cada macrorregião.

Outro ponto tocado pelo secretário, que diferenciou sua apresentação das anteriores, foi o foco na saúde pública. Marino assumiu que corredores superlotados nos hospitais são problemas crônicos, mas também ponderou que em pronto-socorros existem muitos atendimentos que poderiam ser realizados nas Unidades de Saúde dos bairros, mas essas unidades ficam desassistidas. Ele chamou atenção para a necessidade de investimentos nas Unidades de Saúde, que prestam o atendimento primário.

O secretário também acenou com a possibilidade de inauguração de uma parte do novo Hospital São Lucas, em Vitória, em janeiro de 2012, e não em 2013, como prevê o cronograma. Ele disse que é possível abrir o pronto-socorro do hospital, que será especializado em traumas, já no ano que vem, usando o São Lucas, que funciona no Hospital da Polícia Militar (HPM) como retaguarda, para serviços como enfermaria e lavanderia.

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